A Casa da Muda, ou simplesmente a Muda. É comum encontrarmos lugares com esta designação, ou então lugares que têm casas a que chamam Casa da Muda. Inicialmente pensei que a referência dizia respeito a alguém que sendo muda teria dado o nome ao lugar. Pensei isso durante muito tempo, cada vez que passava na estrada de Grândola para a Comporta, onde existe um lugar chamado Muda.
Recentemente fiquei a saber, que há meia dúzia de décadas atrás, quando as mercadorias agrícolas eram transportadas em carros de parelhas de mulas, os animais não aguentavam as grandes distâncias a percorrer, sendo necessário mudar de parelha a meio caminho. Existiam casas, que serviam de albergue aos animais, para serem alimentados e descansarem, permitindo assim prosseguir viagem.
O mesmo acontecia com os viajantes a cavalo, quando tinham que percorrer grandes distancias, mudavam de montada em sítios designados por Casa da Muda, ou simplesmente A Muda.
Bem me parecia que eram Mudas a mais.
O lado negro da crise, é constituído pelos momentos de angústia dos que ficam sem emprego, dos empresários que vêem os seus negócios falirem, dos que vêem os seus rendimentos diminuídos e sem recursos para manter os encargos assumidos.
O lado verde da crise, está associado ao consumo em baixa. As vendas estão a cair, as empresas produzem menos, utilizam menos matéria-prima, gastam menos energia... é o lado verde. O planeta agradece este abrandamento que converge no sentido da política dos RRR (reduzir, reutilizar e reciclar).
Se esta crise resulta de um desacerto entre o capital disponível e a riqueza produzida, e como parte do capital tão pouco existia, resultante da emissão de títulos impossíveis de restituir, então estamos num ponto em que reinventar é a palavra de ordem. Reinventar e optimizar para sobreviver à crise e em simultâneo para convergir no sentido da sustentabilidade. As soluções existem e vão surgir, aliás estão a surgir: vai ser lançado um carregador universal para telemóveis. Seria uma estupidez insistir na acumulação de material obsoleto, que vai para o lixo cada vez que trocamos de telemóvel e em que cada casa existem vários carregadores para cumprir o mesmo objectivo, carregar o telemóvel. É este o caminho e é ao mesmo tempo o lado verde da crise.