O que é feito da cigarra? Dizem os mais velhos, que ano de muita formiga, é ano de fome. De facto, formigas veêm-se muitas, mas as cigarras parece terem desaparecido. Realmente a conjuntura não está nada favorável, ou então o meio artístico está em crise. Parece existirem várias espécies de cigarras, mas aquela que era mais comum encontrar-se, era um insecto verde, barrigudo e com asas pequenas, com as quais emitia o canto caracteristico da cigarra. Será que é um insecto em vias de extinção? Com asas pequenas não pode voar, mas o facto de ser verde, permite-lhe uma camuflagem perfeita na vegetação. Pode ter ocorrido uma conjugação de factores: as asas curtas e a seca, transformaram-na num alvo fácil (digo eu). Alerta ambientalistas, a cigarra pode estar em perigo.
Hoje almocei num restaurante perto das Minas de Neves Corvo. Os sanitários estavam uma bagunça: água no chão, chão patinhado, papel por todo o lado, detergente da loiça em vez de sabão líquido (detesto quando substituem o sabão líquido por detergenta da loiça). A sala modesta, com mesas desorganizadas e muito barulho. Sentei-me apreensivo. Ainda não tinha escolhido nada, uma senhora com alguma idade, passou com uma terrina e perguntou - posso pôr-lhe um bocadinho de sopa? Depois de ter respondido que sim, percebi que tinha entrado num sítio especial. De fatos azuis, continuavam falando alto, a forma como comiam era decidida, não se percebia se tinham pressa ou muito apetite. Rostos negros, olhos fundos e o cabelo marcado pelo capacete. Na televisão, passavam imagens dos atentados em Londres. Não interessava, continuavam comendo, rindo e conversando uns com os outros... Gente de trabalho e descomplicada. Aqui deixo um abraço e a minha admiração pelos Mineiros de Neves Corvo e por todos aqueles que diariamente transformam a força do trabalho em sustento.