O meu filho (de 11 anos), chegou ontem a casa e disse: "Pai e mãe: na minha escola estão a organizar um peditório para ajudar as vítimas do TSUNAMI, mas não aceitam dinheiro!!! Eu quis dar os 2 euros que tinha no bolso e a professora disse que não aceitava dinheiro... só alimentos e de preferência de longa duração, tipo conservas e coisas assim... Oh Pai, vamos dar uma lata de atum??? Dizem que UM euro vale muito naquelas terras e... preferem uma lata de Atum??? Porquê, pai???". ...e o PAI ficou sem palavras... ... pelo menos sem palavras "razoáveis" para um miúdo daquela idade que se predispôs a dar "tudo o que tinha no bolso" para ajudar os seus iguais (que tudo tinham perdido). E não aceitaram!!! Como explicar que o Homem, mesmo na desgraça, é ganancioso?, como explicar que , provavelmente, os seus dois euros nunca chegariam a "ninguém" que realmente deles precisa? COMO??? Tentei dizer que o dinheiro pode ser alvo de "desvios", de cobiça, porque quem anda no terreno a ajudar é humano... e, às vezes, por muita boa vontade que se tenha, se pode tornar difícil "não mexer no que não lhe pertence"... com a comida seria diferente: à partida os que distribuem os alimentos, estão já alimentados, não precisarão daquilo que enviamos... "Pai... quem rouba dois euros, melhor rouba uma lata de atum que é capaz de valer muito mais do que isso para quem tem fome...", foi a resposta do meu filho... que rematou: "Afinal, vamos dar uma Lata de Atum... ou quê???". Respondam, se puderem...
As Portas de Mértola nunca mais se recompuseram. Cada vez que aqui chegamos, encontra-se um vazio enorme deixado pelo encerramento da tabacaria 77. Não faltam na cidade locais onde se pode comprar o jornal ou os cigarros, mas a 77 conferia às Portas de Mértola uma certa magia.
Pois é... as Portas de Mértola não são só um Blog onde se apontam falhas ou erros em Beja... são também uma espécie de "Muro das Lamentações" dos alentejanos, que por uma razão ou outra não estão no Alentejo... gostariam de estar... mas ainda bem que não estão!!! Passo a explicar: 1 - Nasci no Alentejo. 2 - Vim para a "Grande Lisboa" por falta de saídas no local de origem. 3 - Fartei-me da "Grande Lisboa" 4 - Quiz (quero) voltar para o local de origem , ou perto... 5 - Continuo sem saídas nesse local. 6 - Os meus pais continuam no "Local de Origem". 7 - A minha mão está doente e precisa de um especialista com alguma urgência. 8 - No "Local de Origem", pela "Caixa", no mínimo só daqui a 1 ano e meio (isso mesmo UM ANO E MEIO!!!) 9 - Especialistas, no "Local de Origem", pedem exames que só podem ser feitos na "Zona da Grande Lisboa". 10 - Porra!, e se eu cá não estivesse??? e se eu não tivesse possibilidades de me deslocar a um especialista e pagar cerca de 125 "érios" por uma (UMA) consulta??? E se eu não tivesse alguém conhecido que me arranjasse a consulta??? E se não tivesse hipótese de fazer os exames necessários aqui perto (ainda que pagando)? E se a "Grande Lisboa" for engolida por um TSUNAMI???? onde é que podemos fazer TACs, Ressonâncias, "exames com nomes esquisitos",....??? como é que era, porra??? Tirem-me daqui. Deixem-me ir para o meu Alentejo!!! mas, por favor, estamos no Século XXI, somos tão poucos habitantes no Alentejo, não deve custar muito manter os mínimos necessários a esses "resistentes". E , não me venham com as tretas do "Utilizador/Pagador" porque pagar, todos pagamos, mas Utilizar... só os que ... conhecem alguém... Obrigado. Muro das Lamentações, Portas de Mértola, 21 de Janeiro de 2005.
É NADA! Por isso mesmo não devemos ter medo. Provavelmente o nosso medo, começará na impossibilidade de socializar. Talvez fosse sensato substituir a palavra medo por tristeza ou pena.
Para alguém que seja crente, seja qual for o Deus, ficará tranquilo pois se é crente praticou o bem, assim sendo só encontrará coisas boas.
Para o irremediavelmente agnóstico ou ateu, poderá parecer estranho, ou absurdo de repente desembocar no NADA. Pois não crendo em céus e infernos, para quê crer noutras coisas senão no NADA. E o nada é NADA.
Vimos do NADA e vamos para o NADA. E se no fim formos nós também NADA, então seremos NADA no meio do NADA, o que equivale a absolutamente NADA.
Seja como for: VIVA, VIVA! (muitas vivas).
VIVA A VIDA!