
Levei muito tempo para consolidar a minha opinião sobre o cante alentejano. Um registo que não acentava bem no meu conceito de harmonia e musicalidade. Mas fui sempre ouvindo e, quando via um grupo acercava-me para buscar pormenores ou particularidades que me entusiasmassem e é curioso porque encontrava sempre. O primeiro que encontrei foi a autenticidade, esta autenticidade reparei que vinha da facilidade com que os alentejanos cantam quando se juntam e convivem e de facto isto confere autenticidade ao trabalho que os grupos corais fazem. Depois a forma desinteressada e quase expontânea com que os grupos vão a toda a parte, apenas pelo gosto de cantar e levar por onde passam sinais da cultura do Povo Baixo-alentejano. O rigor na interpretação e recolha das modas, a organização do grupo e das vozes, conferem ao cante uma força intrínsseca indestrutível.
Hoje quando ouço um grupo já me arrepio.
No meu Alentejo, cantam-se as Saias.